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Apresentação

 

A realização da 66ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Rio Branco (AC),significa a possibilidade de promoção e divulgação da ciência e da tecnologia numa região carente de instituições científicas e de pesquisadores. Ao mesmo tempo, representa a possibilidade de encontro e diálogo com distintas realidades socioculturais.

 

A Pan-Amazônia, região de ecossistemas semelhantes e diferentes, fragmentada por imposição de fronteiras geopolíticas dos Estados Nacionais, concentra uma alta biodiversidade e uma sociodiversidade de centenas de  povos e culturas nativas que ao longo de séculos desenvolveram formas próprias de conhecimento, adequadas e suficientes às suas relações de equilíbrio social e conservação ambiental. A compreensão e o resgate do universo indígena e sua relevância para a região amazônica, motivaram a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Coordenação Nacional da SBPC e a Universidade Federal do Acre (UFAC) a propor no âmbito do evento as condições de espaço e voz aos povos e organizações nativas através da SBPC Indígena.

 

O intercâmbio de saberes entre povos e culturas indígenas com pesquisadores de instituições oficiais, particularmente universidades, na simetria de que o conhecimento se expressa em diferentes e múltiplas formas, é a nossa principal justificativa e motivação. Assim, a SBPC Indígena buscará debater e diagnosticar as potencialidades organizacionais, técnicas e científicas das populações indígenas da Amazônia, propiciando: a interação de conhecimentos e estruturas operativas que possam promover a preservação e a dinamização do universo indígena macrorregional;a discussão do desenvolvimento e de seus impactos sobre povos e territórios indígenas; o fortalecimento das políticas sociais nos campos da educação, saúde e cultura; o fomento e o estímulo de posicionamentos da sociedade civil em defesa dos ecossistemas e da biodiversidade amazônicas, bem como empreender estratégias comuns de defesa dos territórios e do patrimônio cultural das sociedades indígenas.

 

A valorização do conhecimento tradicional, da cultura e do estilo de vida dos povos nativos não pode ser apenas objeto de estudos e pesquisas, requer uma tomada de posição por parte de todos pelo efetivo reconhecimento e defesa de direitos historicamente negados: direito a auto-organização, direito ao território, direito à cultura, direito à língua e direito à saúde e educação.

 

Neste contexto, foi pensada a SBPC Indígena, que ensejará o debate qualificado sobre diferentes temáticas, através de mesas redondas e conferências; encontros de interesse exclusivamente indígena; exposições e atividades culturais, num esforço comum de lideranças e especialistas indígenas e não indígenas, instituições oficiais e organizações não governamentais. A organização do evento possui o aval da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e da Universidade Federal do Acre (UFAC), apoiada pela  Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de La  Cuenca Amazónica (COICA),União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), Federación Nativa delRío Madre de Díos y Afluentes (FENAMAD), Central Indígena de Pueblos Originários de La Amazonía de Pando CIPOAP), Associación Interétnica de Desarollo de la Selva Peruana (AIDESEP), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e Assessoria de Assuntos Indígenas do Governo do Estado do Acre (AAI).

 

Em suma, é na perspectiva de criação de interfaces e promoção do diálogo entre os movimentos indígenas da Pan-Amazônia e a comunidade científica, vencendo assimetrias históricas, que se compreende a proposição da SBPC INDÍGENAe seu conjunto de atividades.A missão de fomentar o debate sobre temas de interesse comum e estimular o intercâmbio entre povos e organizações indígenas da Amazônia significa contribuir para a criação de estratégias para fortalecimento da sociodiversidade e conservação da biodiversidade num cenário mundial de incertezas sem equidade social e equilíbrio ambiental

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